Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos mostrou que 92% das mães relataram problemas nos primeiros dias da amamentação. Elas tiveram dor, mamilos doloridos, não conseguiam fazer o bebê sugar e se preocuparam se estavam produzindo leite suficiente.
Brooke Scelza, uma antropóloga da Universidade de Los Angeles (EUA), teve dificuldades em amamentar seu filho e quis pesquisar outras culturas onde as mães são conhecidas pelo sucesso na amamentação: Himba, um deserto no norte da Namíbia. Ali vive um grupo étnico isolado das cidades modernas, as mães ainda têm seus filhos em casa, e todas amamentam. As mães da região fazem a amamentação parecer coisa fácil. Elas carregam os bebês nas costas e quando eles choram, o pegam, alimentam, e devolvem às costas, diz a pesquisadora.
Scelza e sua equipe pensaram em várias hipóteses para explicar esta facilidade das mães da Namíbia em amamentar, as mães do vilarejo ficam com os filhos nos braços assim que eles nascem, sem nenhum tipo de restrição.
Scelza entrevistou 30 mulheres do grupo para entender melhor suas experiências com a amamentação, especialmente nos primeiros dias depois do nascimento. Sua descoberta é que 60% delas passam pelas mesmas dúvidas e desconfortos que as mães ocidentais, mas que recebem informações preciosas de suas próprias mães.
“Quando as mulheres esperam pelo bebê, elas costumam ir para a casa das mães ainda no terceiro trimestre da gestação, e ficam ali por meses depois do nascimento”, explica ela. A avó da criança mostra tudo que a mãe de primeira viagem precisa saber para cuidar do recém-nascido.
“Suas mães geralmente dormem com elas na cabana a partir do nascimento, e acordam a nova mãe dizendo: ‘está na hora de alimentar seu bebê!’”, conta a pesquisadora.
A hipótese mais provável deste estudo de observação é que não há instinto natural e simples de entrar em ação, mas sim a presença de uma professora 24 horas por dia, todos os dias.
A antropóloga Meredith Small, no livro Our babies, ourselves: how biology and culture shape the way we parent, refere que se o bebê é retirado dos braços da mãe nas primeiras horas de vida, o processo todo pode ser prejudicado.
Após nascimento do bebê, manter em contato pele a pele e estimular aleitamento materno é fundamental para o sucesso da amamentação.
Este estudo revela o quanto é importante apoio da família, amigos, companheiro, profissionais da Saúde para as mães se sentirem seguras e confiantes.
Fonte: